Na segunda-feira passada (12/10), os economistas americanos e professores da Universidade de Stanford Paul Milgrom (72 anos)e Robert Wilson (83 anos) foram anunciados como os vencedores do prêmio Nobel de Economia de 2020, por aprimorarem a teoria dos leilões e criarem novos formatos de leilões beneficiando vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo”, sob o comentário do júri da Academia de Ciências da Suécia.
A pesquisa realizada por Milgrom e Wilson é uma busca intensa para tentar entender os resultados de diferentes de licitação e os preços finais, sua teoria foi difundida na aplicação no mercado de frequências de rádio a operadoras de telecomunicações e na comercialização de slots de pouso em aeroportos. Assim sendo, o desenvolvimento de novas formas da aplicação da teoria de leilões propiciou benefícios, inclusive, aos consumidores finais dos produtos.
Nesse contexto, os acadêmicos esclarecem que os leilões possuem dois principais sistemas. No modelo inglês, o vendedor estabelece um preço inicial e os compradores passam a fazer ofertas até atingir-se um valor máximo. Enquanto isso, no sistema holandês, o vendedor estabelece um preço máximo, o qual será reduzido até que algum comprador o aceite.
Não obstante, foi observado que, em ambos os sistemas, as ofertas tendem a ficar abaixo da melhor estimativa sobre o valor comum. Desse modo, os estudiosos comprovaram que esse fenômeno ocorre especialmente por conta do medo dos participantes em efetuarem um pagamento em excesso, resultando assim na famosa “maldição do vencedor”.
Para solucionar esse problema, Milgrom formulou uma teoria, a qual demonstra que um leilão apresenta resultados mais satisfatórios, justamente, quando os compradores obtêm informações confiáveis sobre os lances dos outros participantes, durante o próprio processo de licitação.
Assim sendo, no ano de 1994, os acadêmicos desenvolveram o “Modelo de Rodadas Múltiplas Simultâneas”, no qual todos os itens são vendidos isoladamente e ao mesmo tempo. Dessa forma, a cada rodada os compradores podem dar seus lances, ao passo que os vendedores também divulgam, simultaneamente, os resultados de cada etapa, propiciando assim uma maior transparência no processo.
De acordo com a Academia de Ciências da Suécia, o mercado de concessão de frequências de rádio nos Estados Unidos, após várias décadas recebendo valores limitados, obteve US$ 617 milhões vendendo 10 licenças em 47 rodadas de licitação, por meio da aplicação da modelo desenvolvido por Milgrom e Wilson.
Ademais, essa teoria também foi replicada em diversos países como Espanha, Reino Unido, Suécia e Alemanha, culminando em um acúmulo de mais de US$ 200 bilhões com vendas de espectro ao redor do mundo.
Incentivado no caso de sucesso baseado no prêmio Nobel de economia deste ano, o Programa de Parceria de Investimentos (PPI) do governo federal brasileiro pretende leiloar 140 ativos para a iniciativa privada até o próximo ano, entre ferrovias, aeroportos, terminais pesqueiros, parques e florestas, projetos de iluminação pública e estatais como os Correios e a Eletrobras, inclusive a concessão do 5G. A expectativa de investimentos circunda ao valor de R$ 709 bilhões para os próximos anos, conforme dados apresentados pela secretária especial do PPI, Martha Seillier.
Por fim, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reitera que a teoria premiada pelo Nobel da Economia propicia uma melhor eficiência dos leilões, como forma de alocar bens e serviços escassos. Sendo assim, é imprescindível a extensão da aplicabilidade do Modelo de “Rodadas Múltiplas Simultânea” para diversos outros setores, como o de telecomunicações, energia e publicidade.
Carolina de Araújo Oliveira da Silva
Estagiária
André Lucas Pinto Coelho
Advogado Associado (OAB-MA 12.765)
